“Construindo um Hospital Sustentável: 6 Passos para o Sucesso

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Por ser um espaço de cura, um hospital ganha muito ao ser planejado de forma sustentável.

Você pode estar se perguntando o que a sustentabilidade tem a ver com a cura de doenças.

E nós já adiantamos: tem tudo a ver!

Neste artigo você vai entender onde estão as oportunidades de aplicar a sustentabilidade no ambiente hospitalar. Iremos abordar o tema dentro destes 6 aspectos:

  1. Processo Integrativo: a melhor maneira de projetar um hospital sustentável
  2. Estratégias passivas: como economizar dinheiro nas contas de luz e água
  3. Materiais: cuidados na hora de escolher materiais não tóxicos
  4. Acessibilidade e ergonomia
  5. Acústica: controle de ruídos internos e externos
  6. Resíduos: a questão do lixo hospitalar

Após ler este artigo você vai saber como planejar um hospital de alto impacto na saúde das pessoas. E de quebra, com um baixo impacto no meio ambiente.

1. Processo Integrativo: a melhor maneira de projetar um hospital sustentável

O projeto de qualquer hospital tem um grande nível de complexidade. São inúmeras normas, equipamentos e funções que devem ser consideradas.

Estratégias sustentáveis aumentam ainda mais essa complexidade.

Dessa forma, muitos profissionais se envolvem no processo que vai desde o projeto até a execução e manutenção do edifício.

A equipe de profissionais inclui: arquiteto, paisagista, engenheiro, eletricista, decorador, entre outros.

Porém, se cada profissional fizer sua parte de forma independente, o processo é ineficiente. Além disso, aumentam as possibilidades de retrabalhos e erros de execução.

Processo integrativo é um método de projeto.

Nesse método, os profissionais trabalham de forma colaborativa e conjunta. A maior comunicação entre todas as disciplinas do projeto garante sua funcionalidade.

A equipe de um processo integrativo entende a importância de buscar uma sinergia. Assim, consegue oferecer soluções mais eficazes para o cliente.

Por outro lado, de nada adianta haver um hospital muito bem executado se a equipe que vai usar o edifício não souber como os equipamentos funcionam.

Para garantir essa integração dos sistemas e o correto uso do edifício, existe a opção de comissionamento.

Comissionamento no processo Integrativo de um Hospital Sustentável

O agente comissionador é uma pessoa que acompanhará desde o projeto arquitetônico até a fase de uso e manutenções do edifício. Ou seja, ele vai garantir qualidade e eficiência.

Ele participa desde o momento do projeto arquitetônico, conferindo o programa de necessidades com a parte técnica. Assim, garante que todos os equipamentos tenham suporte para funcionar corretamente.

Com o edifício finalizado, o agente comissionador irá realizar testes e ajustes para conferir se os equipamentos estão funcionando.

Por fim, vai treinar a equipe para que os equipamentos sejam utilizados corretamente.

O ideal é que haja uma central de controle de energia. Nessa central será possível controlar os gastos de energia e perceber possíveis problemas.

Por exemplo, equipamento de ar condicionado que está gastando mais energia que o normal pode estar com algum defeito.

Falando em energia, vamos para o nosso segundo tópico:

2. Estratégias passivas: como economizar dinheiro nas contas de luz e água.

“Os hospitais funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana e 365 dias por ano. Tudo o que implica eficiência da edificação tem impacto direto não só nos custos, mas na produtividade e no maior bem dos seres humanos, a vida” – Eleonora Zioni

Estratégias passivas visam evitar a sobrecarga do sistema. Elas abrangem desde a escolha de equipamentos mais eficientes, até o uso de fontes passivas de energia, como o sol e o vento.

Vamos falar aqui sobre os principais sistemas:

  • Eletricidade: Iluminação e refrigeração
  • Hidráulico: uso consciente da água

Iluminação

A principal estratégia de iluminação passiva é utilizar a luz natural como apoio. Janelas grandes colaboram para deixar os ambientes bem iluminados e salubres.

Outra estratégia é dar preferência para lâmpadas de LED, que consomem menos energia. Além disso, é possível instalar sensores de presença em salas de pouca permanência, como depósitos, por exemplo.

Um cuidado importante a ser tomado é o da iluminação da cidade que pode iluminar o interior das salas à noite. Essa luz, em excesso, tem potencial de atrapalhar o sono dos pacientes em recuperação.

Nesse caso, o ideal seria pensar no posicionamento dos quartos em relação à cidade no momento do projeto. Ou, no caso de um edifício existente, instalar boas cortinas tipo “blackout”.

Refrigeração

Um hospital requer um alto nível de conforto térmico para os pacientes. Muitas vezes, estratégias de ventilação natural não são suficientes. Mas isso não significa que elas não devem ser consideradas.

Vamos tomar como exemplo o hospital Sarah, projetado pelo arquiteto Lelé. Nele, a climatização mecânica é minimizada com as estratégias de ventilação natural.

Hospital Sustentável

Hospital Sustentável

Hospital Sarah Kubitschek Salvador / João Filgueiras Lima (Lelé). Fonte: Archdaily

Vale mencionar a importância de limpar com frequência os filtros dos ares condicionadores para evitar a proliferação de bactérias.

Água:

Embora em hospitais essa estratégia exija cautela, é possível utilizar água de reuso para algumas atividades. Um exemplo é usar para irrigação de jardins na área externa.

A economia de água deve ser considerada desde o momento do projeto, na especificação de metais e louças. Uma boa estratégia é a de torneiras com arejadores e temporizadores. Contudo, é muito importante que esses mecanismos sejam monitorados com frequência.

Inclusive, o próximo tópico é sobre a especificação de materiais.

3. Materiais: cuidados na hora de escolher materiais não tóxicos.

A presença de toxinas em ambientes hospitalares é ainda mais grave do que em situações comuns.

Por isso, é importante tomar cuidado no momento de escolher revestimentos, móveis e até os produtos de limpeza.

Podemos atentar para a Declaração de Saúde do Produto. Essa declaração traz todos os elementos químicos utilizados na fabricação de um produto, assim como seus efeitos na saúde das pessoas.

Procuraremos, por exemplo, produtos com compostos orgânicos voláteis baixos ou inexistentes. Esses compostos podem estar presentes em tintas, colas e até nas espumas de colchões.

Por isso, em um hospital é preferível adquirir colchões preenchidos com látex.

Outro detalhe é evitar que os materiais sejam finalizados dentro do hospital. Quanto menos cola e tinta for aplicada dentro do ambiente hospitalar, melhor. Prefira materiais que já chegam na obra estando finalizados.

Estratégias de design biofílico tem grande potencial de serem utilizadas para a cura de pacientes. Existem muitos estudos acadêmicos que vêm comprovando os benefícios do contato com a natureza para a saúde humana.

Não é muito recomendável inserir plantas dentro do ambiente hospitalar. Portanto, a natureza pode ser representada através de cores, formatos e texturas naturais. Ou até através de uma vista da janela.

4. Acessibilidade e ergonomia para um Hospital Sustentável

Os materiais também são interessantes na questão da acessibilidade. Eles podem ser utilizados para criar transições de ambientes, por exemplo.

A questão da acessibilidade envolve tanto a parte física e motora, como também a questão visual e de compreensão do espaço.

Cores, contrastes e iluminação ajudam na leitura do ambiente.

É importante que tudo seja acessível por cadeiras de rodas em um local onde diversas pessoas estão com restrições motoras. Além disso, o piso não pode ser escorregadio.

O excesso de ruídos também pode prejudicar a comunicação de uma pessoa com problemas de audição. Confira sempre se o seu projeto está de acordo com a NBR 9050 – Norma de Acessibilidade.

5. Acústica: controle de ruídos internos e externos

O desconforto acústico, ou seja, o excesso de ruído, pode desencadear estresse e até doenças como a depressão.

Em relação aos níveis de ruído medidos em decibéis, a OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda que os níveis não passem de 30 dB em um ambiente hospitalar.

Já a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) estabelece níveis entre 35 e 55 dB para hospitais.

O ruído dentro de um hospital pode vir tanto da parte interna quanto da parte externa.

Se for um ruído externo, esquadrias bem vedadas e um preenchimento acústico na parede dificultam a entrada de barulho.

Entretanto, se o problema for o ruído de dentro do próprio hospital, ele é um pouco mais complicado de resolver.

Quando o ruído se origina do mesmo ambiente que você está, a ideia será reduzir sua intensidade e o tempo de permanência. Ou seja, dispor de superfícies que absorvem o ruído, evitando que ele reverbere.

Espumas e superfícies acolchoadas são ótimos absorvedores de ruído. Por conta da limpeza, não é possível inserir esses materiais no piso e nas paredes. Portanto, a alternativa é inserir materiais acústicos no forro.

Por último, vamos falar daquilo que resta.

6. Resíduos: a questão do lixo hospitalar

O problema do lixo hospitalar é que ele é tóxico e pode transmitir doenças. Por esse motivo, seu tratamento é feito com incineração.

Mas a incineração libera poluição que é prejudicial ao meio ambiente.

Desta forma, é importante que haja uma separação correta do lixo dentro do hospital. Muitas vezes, acontece de o lixo reciclável ou orgânico ser descartado como lixo hospitalar.

Quando isso acontece, resíduos que poderiam ser reciclados ou compostados passam pela incineração sem necessidade.

A separação correta demanda uma conscientização da equipe, dos pacientes e dos visitantes.

Conclusão

Nesse artigo você aprendeu como a sustentabilidade pode colaborar na recuperação de pacientes. Da mesma forma, colabora na saúde da cidade, consumindo menos energia e descartando resíduos corretamente.

Um sistema de controle e monitoramento vai garantir que tudo funcione da maneira correta. Manutenções frequentes são fundamentais para garantir um bom desempenho do edifício.

A sustentabilidade cura. Quando percebemos isso, fica clara que a dimensão de um projeto sustentável vai muito além de questões apenas ambientais.

Afinal, sustentabilidade abrange aspectos ambientais, sociais e econômicos.

Vale mencionar também que um hospital sustentável irá atrair bons médicos e mais pacientes. Ou seja, é um investimento que vai garantir o sucesso da instituição.

Fontes:

OMS

ABNT

Archdaily