A Especificação de Materiais Sustentáveis na Prática

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Como trabalhar com a especificação de materiais sustentáveis na prática?

Acreditamos que a internet já esteja bem recheada de matérias sobre o que é um produto sustentável ou que você deve buscar para identificá-lo.

No entanto, é fácil se perder com a quantidade de termos: Ciclo de Vida, Certificado Ambiental do Produto, Regionalidade, Cadeia Produtiva e FSC são apenas alguns dos termos mais bem descritos na internet.

Nós também já falamos sobre eles neste artigo e de forma mais profunda em alguns cursos.

O intuito deste artigo é apresentar a forma como as coisas são na realidade. Dar voz às dificuldades de se conduzir uma especificação de materiais sustentáveis no mercado e no molde em que conduzimos projetos e obras.

Afinal, quantas vezes você procurou por produtos ecológicos e, depois de rodar em círculos, terminou comprando o convencional?

Aqui estão alguns dos motivos que, provavelmente, te fizeram terminar no convencional:

O preço

De acordo com o Instituto de Defesa do Consumidor, uma média de 40% das pessoas citam o preço como empecilho para a especificação de materiais sustentáveis. O preço de materiais convencionais é normalmente mais barato, mas nem sempre é verdade. Um exemplo disso é o tijolo ecológico versus o convencional em obras de pequeno porte.

Portanto é importantíssimo entender o termo “mais barato”, pois ele possui mais de um sentido para quem está no canteiro de obras.

  1. O mais barato pode ser a relação de simples custo-benefício. Como exemplo, podemos citar o metro quadrado de carpete convencional e um metro quadrado de carpete com toda sua cadeia produtiva traçada e documentada. Os benefícios reais são incomparáveis, mas quando ocorre uma diferenciação apenas na etiqueta de preço pela equipe de orçamento, a comparação será superficial e injusta – especialmente quando a área de aplicação for extensa.
  2. O mais barato pode ser na facilidade no time de obra em trabalhar com uma marca ou produto. Portanto, inserir algo novo levará mais tempo e não é algo que será feito naquele momento.
  3. O mais barato pode ser a questão de disponibilidade do produto na cidade onde esteja inserindo seu projeto. Trazer o produto de outros lugares mais distantes pode ser custoso – as vezes pouco sustentável também. Neste caso, um calculo mais detalhado de pegada de carbono seria determinante.

Considerar apenas a questão do Preço já encontramos algumas barreiras que compradores podem encontrar – ou até criar – para evitar especificar algo melhor.

Para você que procura uma especificação de materiais sustentáveis, é importante dizer que a relação de preço por custo-benefício não é mais gritante como era há anos atrás. E os inúmeros benefícios de produtos verdes – tanto a nível ambiental quanto de saúde – devem ser levados em consideração ao lado do fator preço.

Portanto, não se dê por vencido antes da pesquisa!

Falta de alternativas

Muitas pessoas já vieram até mim perguntando se existe esse ou aquele produto numa versão eco. Embora haja uma variedade de produtos sendo ofertada, sim, ainda existem diversos produtos que não possuem uma versão eco.

Outra reclamação: trabalho para uma empresa que precisa de três orçamentos para qualquer compra. Esse produto não possui 3 marcas que o produza, então não posso colocar este na competição, pois seria tendencioso.

Essa é a grande realidade para obras de grande porte em grandes empresas. As políticas empresariais não estão preparadas para favorecer produtos sustentáveis. Não seria o caso de rever essas políticas, beneficiando com pontuações esses produtos?

Falta de mão de obra qualificada

A mão de obra qualificada pode ser um determinante para a escolha de materiais sustentáveis, mas não deveria.

Normalmente existem pequenas diferenças na aplicação entre produtos similares. O que contrasta são a procedência e os valores éticos.

Um exemplo fácil de ser encontrado são pintores que não gostam de trabalhar com tintas à base d´água. Alguns inclusive recusam trabalho porque consideram que não ficaria bem acabado e eles seriam responsáveis por refazer.

Falta de documentação de procedência

Em geral, se procurarmos produtos sustentáveis, encontraremos uma quantidade razoável.

Contudo, nada de pulos de alegria. Ao solicitar documentações de comprovação é que a coisa pega.

O grande pecado que vem sendo cometido repetidamente por empresas que investem nesse nicho de produtos é justamente na documentação para que, de fato, possamos ter a garantia de uma especificação de materiais sustentáveis.

A relação entre produtos que se dizem sustentáveis e os que realmente podem comprovar essa sustentabilidade torna a competitividade desigual.

Na maioria dos casos são necessárias horas ao telefone com pessoas não qualificadas para responder questões simples sobre o produto. Em outros, precisamos aguardar mais alguns dias a produção da documentação necessária ou o simplesmente obter a resposta seca: não possuímos e não poderemos fornecer. Mas acredite em nós, somos verdes.

A maneira mais fácil de validar um produto e sua cadeia ainda é pela certificação terceirizada. Os padrões de comprovação já estão bem estabelecidos e não existem desculpas para a falta de documentação básica.

Considerações Finais

Com todos esses fatores apontados, a indústria da construção civil sofre na especificação de materiais sustentáveis. Quanto tempo o mercado precisa para se adaptar a nova realidade?

E a grande verdade é que a realidade não é nova. As construções e certificações sustentáveis vêm se popularizando há uns 10 anos, no mínimo.

Os consumidores também querem a mudança. O Instituto de Defesa do Consumidor fez um levantamento e identificou que mais de 80% dos brasileiros sentem-se mais confiantes quando a marca é certificada por terceiros e possui selos de qualidade.

Na construção civil, além de selos específicos para diferentes tipos de produtos, existe também a possibilidade da empresa se submeter à certificação ISO 14001, que regula a gestão ambiental das atividades da empresa.

Mas qual o principal fator para que essa mudança não aconteça no ponto de vista dos fornecedores?

O principal é que precisará ocorrer em muitos casos uma verdadeira mudança em seus procedimentos e na rastreabilidade de seus produtos. Isso pode vir a encarecer a fabricação e, por isso, deixar de ser interessante.

Temos que manter o curso e continuar exigindo do mercado mais variedade, idoneidade e transparência quanto ao que estamos especificando e consumindo.

E claro, com tudo devidamente documentado.