Estratégias Para um Design de Interiores Sustentável – Parte 6: Conforto Ambiental

conforto ambiental

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O conforto ambiental é a forma que podemos descrever o nível de satisfação de um ser humano dentro de um espaço.

Um espaço que está em conformidade com o conforto ambiental proporciona boas condições psicológicas, acústicas, visuais, térmicas, de qualidade do ar e ergonômicas para a realização de uma tarefa humana, seja de lazer, trabalho, descanso ou estudo.

Mas como podemos fazer isso no design de interiores?

Apresentamos neste artigo estratégias essenciais dentro de 3 desses pilares essenciais do conforto ambiental: conforto térmico, acústico e lumínico.

conforto termico

Conforto Térmico

Qualquer um que tenha tentado trabalhar quando está muito quente ou frio sabe o quanto o conforto térmico afeta a produtividade.

Estudos importantes, como o da imagem abaixo, demonstram que quanto maior o nível de desconforto em nossos ambientes, maior é a falta de produtividade.

Já pensou você possuir uma empresa pagando 10 funcionários…mas que na verdade trabalham apenas 6,5?

Pois é. Por desconhecer os malefícios que temperaturas inadequadas podem infringir aos seus funcionários é que muitas empresas jogam dinheiro na sarjeta diariamente.

E é por este motivo que o conforto térmico é tão importante.

O problema é que a definição de conforto térmico é de natureza subjetiva. Existem variações como a vestimenta e o próprio metabolismo humano. Basicamente, cabe a cada pessoa avaliar seu conforto térmico, o que dificulta uma regulação padronizada para todos.

Por este motivo as normas atuam com estratégias de minimização do estado de conforto. A principal delas é a ASHRAE 55, que mede o conforto térmico pelo Voto Médio Previsto (PMV). Ela possui uma escala de -3 (muito frio) até +3 (muito quente). Os objetivos das análises de conforto é manter o índice máximo de insatisfação entre -0,5 (ligeiramente frio) e +0,5 (ligeiramente quente).

Caso as estratégias apresentem falhas, ocorrerão uma porcentagem de instatisfação esperada. O objetivo de qualquer profissional da área é manter um PPD abaixo de 10%.

Componentes do conforto térmico

Existem 6 parâmetros de conforto térmico que devem ser levados em conta.

  • Convecção: é a transferência de energia através do fluxo de ar. Em nossos espaços, será relacionada a temperatura do ar e a taxa de ventilação.
  • Condução: é transferência de energia através do contato direto com as superfícies circundantes. Em nossos espaços, acontece quando obtemos contato direto com estes elementos, como mesas ou cadeiras.
  • Radiação: é a transferência de energia via radiação das superfícies circundantes, como o piso, a parede e o teto. Este é certamente o componente que mais afetará o conforto térmico.
  • Umidade relativa: é sobre a eficiência de dissipação de calor. Quando nosso corpo precisa dissipar ar pela evaporação, terá mais dificuldades quando a umidade está alta.
  • Produção de calor metabólico: cada ocupante terá o seu, o que dificulta uma solução única para todos.
  • Roupas: também são individuais por ocupante e podem gerar divergência sobre o conforto térmico individual.

Todos esses fatores interagem para regularmos o conforto térmico, e compreender cada um deles é essencial para um bom design de arquitetura.

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Como um arquiteto de interiores pode intervir no conforto ambiental?

Essencialmente, existem 4 maneiras de obter conforto térmico através de um bom projeto.

1. Utilizar um sistema de HVAC que regule a Temperatura Radiante Média

Este é um grande caminho para alcançar o conforto térmico para a grande maioria dos ocupantes. Sistemas comuns não possuem o componente da medição dos ambientes, mas quando utilizamos um sistema em conjunto com uma medição, os ambientes podem ser otimizados, tanto energicamente quanto na satisfação dos usuários.

2. Minimize o vazamento da envoltória

Se houver vazamento da envoltória do edifício, correntes de ar em temperaturas ou umidades inadequadas podem adentrar na edificação, causando desconforto no ambiente previamente projetado com cargas térmicas específicas. Como um problema adicional, a eficiência do sistema de HVAC será comprometida.

3. Forneça controle aos ocupantes

A obtenção do conforto térmico muitas vezes terá uma relação direta com o nível de controle que você dá para as pessoas. Quando elas possuem acesso ao termostato, janelas ou persianas operáveis, elas podem melhorar o seu nível de conforto térmico. Estudos mostram que pessoas sentem-se confortáveis sob condições ligeiramente diferentes, e por mais que permitir o controle individual possa gerar conflitos, este é geralmente o melhor caminho.

4. Mantenha o ambiente térmico e faça as alterações necessárias

Uma boa manutenção é fundamental para o bom funcionamento do equipamento de HVAC. A manutenção também pode exigir estar ciente e reagir a mudanças sazonais. Para regiões que experimentam verões quentes e invernos frios (como é típico de zonas temperadas), o ajuste sazonal do controle de temperatura do sistema HVAC é vital para manter o conforto térmico.

Conforto Acústico

O conforto acústico é um tema de grande importância quando falamos em produtividade, principalmente em ambientes como escolas.

Certificações, como o LEED, levam o conforto acústico bem a sério para a melhoria do aprendizado dos alunos e a saúde vocal dos professores, estabelecendo pré-requisitos essenciais para ruídos externos, ruidos de ar-condicionado e reverberação. Estabelecer os critérios mínimos para cada um desses itens é essencial para um projeto de interiores que leva em conta uma alta qualidade de aprendizado.

Já para outros tipos de edificações o controle também deve se fazer presente, utilizando das mesmas estratégias aplicadas em escolas, mas com o uso normativas levemente diferenciadas dependendo do caso.

O que o arquiteto de interiores pode utilizar ao seu favor?

Entender os fenômenos básicos pode ajudar bastante na tomada de decisão em grande parte dos projetos. Em casos em que o desempenho acústico signifique um grande salto de performance ou qualidade de vida, a ajuda de um especialista será primordial.

As estratégias principais que arquitetos de interiores podem trabalhar, em ordem, são as seguintes:

1. Redução dos tempos de reverberação

O conceito é a diminuição “do tráfego” do som pelo ambiente, removendo a sensação de “igreja” no ambiente. Compreender os valores mínimos (geralmente próximos a 0,6 ou 0,7 na maioria dos casos) e mitiga-lo utilizando de superfícies de absorção no piso, parede e teto tornará o ambiente mais eficiente.

2. Utilização de sistemas de reforço de som e mascaramento:

É aplicável para auditórios ou salas que abriguem mais de 50 pessoas. Obter níveis de pelo menos 70 dBA, além de níveis mínimos de inteligibilidade da fala são importantes e devem ser avaliados com cautela. A utilização do ruído branco em alguns casos pode ser desejável, contanto que não passem de níveis máximos em dBA.

3. Ruído de fundo de Ar-condicionado

Podemos avaliar os ruídos do sistema e solicitar ao engenheiro mecânico uma otimização, considerando critérios da ASHRAE. Cada uso terá níveis máximos de ruídos aceitáveis, sendo que escolas não permitem mais do que 40dBA.

4. Redução da transmissão de som entre elementos

Necessitamos encontrar coeficientes mínimos de STC (sound transmission class, ou classe de transmissão sonora) para diminuirmos o nível de ruído entre ambientes externos/internos ou internos/internos.

Muitas vezes o projeto estará edificado e o arquiteto de interiores não poderá realizar grandes mudanças. No entanto, em mudanças mais substanciais, como reformas internas ou o uso de paredes móveis, o conhecimento dos coeficientes mínimos é essencial para obtermos um nível de desempenho aceitável para cada ambiente e seu uso específico.

conforto luminico

Conforto Lumínico

A iluminação é uma das qualidades mais importantes no conforto ambiental e críticas em um espaço interno, e a diferença entre uma iluminação boa e ruim pode gerar impactos no conforto, o humor e na felicidade geral em sua casa.

A exposição à luz natural afeta o sistema imunológico, bem como os ritmos circadianos, o ciclo do sono e os hormônios. Estudos relacionaram a falta de luz solar à depressão, problemas imunológicos, doenças cardíacas, diabetes e câncer.

Apesar de já termos falado sobre a iluminação natural em outros artigos e saber que designers de interiores muitas vezes possuem poucas alterações que possam ser feitas quando a arquitetura está definida, é importante compreender que sim, você ainda possui controle em questões como um ajuste no controle da quantidade de iluminação natural que entra no ambiente e sua distribuição dentro dos espaços.

Uma forma de se distribuir a iluminação é utilizarmos cores claras em nossos ambientes. Já para mitigar a intensidade do calor em certos espaços, podemos utilizar persianas adequadas, com a possibilidade de sistemas de automação inclusas, caso necessário.

Já a compreensão sobre a iluminação artificial é crucial para qualquer projeto de interiores. A compreensão sobre estes conceitos pode propulsionar os resultados do seu design de forma drástica. Tornar tudo mais eficiente e sustentável, muito além de uma troca de lâmpadas LED.

O que um arquiteto de interiores pode fazer?

Proporcionar Controle de Iluminação

Um dos conceitos fundamentais para espaços de trabalho mais eficientes e sustentáveis é proporcionar aos ocupantes controle ao seu sistema de iluminação. Não são todos os espaços onde isto é crucial, por isto foque nos espaços regularmente ocupados e não esqueça de tornar estes controles acessíveis para todos.

É interessante que ele possua 3 níveis (on, off e meio nível), que que as pessoas possam controlar intensidade luminosa quando a iluminação natural estiver mais ou menos atuante.

Proporcionar Qualidade Luminosa

Após implementar estratégias de controle, podemos buscar a qualidade luminosa. Existem diversos requisitos aqui, desde a intensidade luminosa necessária para cada tipo de abordagem (como 500 lux em escritórios, 750 lux para supermercados, entre outros), além do uso de lâmpadas com o CRI (índice de refletância de cor) acima de 80, que torna a iluminação mais natural.

Podemos ainda pensar sobre a vida útil das lâmpadas, e procurar especificações que atendam acima de 2.400 horas ajudará na economia a longo prazo de todo o ambiente.

Conforme comentamos sobre cores claras para a iluminação natural, na iluminação artificial isso também beneficiará o ambiente. É importante obtermos índices superiores a 85% de refletância para o teto, 60% para as paredes e 25% para os pisos.

No entanto, é imprescindível calcularmos estes fatores por simulações. O DiaLUX é um dos softwares mais indicados neste quesito, e uma boa análise pode resultar em grandes economias em um sistema de iluminação e maior conforto ambiental em seus projetos.

Conclusão

Compreender sobre os benefícios do conforto ambiental não é algo apenas associado a arquitetos ou consultores. Arquitetos que atuam com o design de interiores ou mesmo decoradores precisam conhecer estes aspectos que tornam projetos mais sustentáveis, obtendo clareza e criando uma metodologia clara em suas análises.

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Fontes:

www.linkedin.com/pulse/importance-interior-acoustics-architect-designer-praveen-mishra
blog.uponor.hk/radiant-cooling-blog/4-ways-to-achieve-thermal-comfort-through-good-design-construction-and-maintenance
www.ashrae.org/technical-resources/bookstore/standard-55-thermal-environmental-conditions-for-human-occupancy
inhabitat.com/green-building-101-environmentally-friendly-lighting/
www.ashrae.org/technical-resources/bookstore/standard-90-1
inhabitat.com/green-building-101-environmentally-friendly-lighting/